Com o avanço tecnológico na medicina nas últimas décadas, pessoas com dificuldades em ter filhos puderam realizar esse sonho graças ao surgimento e aprimoramento das técnicas de reprodução humana assistida.
Neste artigo, você vai descobrir que técnicas são essas. Mas, antes, separamos alguns dados importantes.
Veja bem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 48 milhões de casais e 186 milhões de indivíduos em todo o planeta sofrem com algum nível de infertilidade. Isso equivale a, aproximadamente, 15% da população mundial. No Brasil, acredita-se que cerca de 8 milhões de pessoas podem ser inférteis.
Já dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a taxa global de fertilidade vem caindo nos últimos anos. O levantamento considerou o intervalo entre 1990 e 2019 e revelou um declínio de 3,2 para 2,5 nascimentos por mulher.
E mais: há uma projeção de que esse número de novos nascimentos caia para 2,2 em 2050.
Os fatores apontados como causa para a infertilidade são inúmeros. Os principais estão relacionados a aspectos ambientais, estilo de vida, hereditariedade e idade.
Em relação a este último ponto – a idade -, mulheres a partir de 35 anos tendem a se tornar menos férteis. Essa condição se agrava depois dos 40 anos.
Nos homens com mais de 40 anos, os espermatozoides perdem 7% de sua capacidade de locomoção (motilidade).
Apesar de tudo isso, a ciência tem evoluído bastante e permitido que os problemas de infertilidade sejam superados.
Nos parágrafos a seguir, vamos explicar o que é a reprodução assistida e apontar as principais técnicas utilizadas atualmente.
Continue a leitura e descubra também as vantagens e desvantagens das técnicas de reprodução humana assistida.
Podemos definir o que é a reprodução assistida como um conjunto de métodos e técnicas com foco em viabilizar uma gestação. Ela ocorre a partir da manipulação de óvulos, espermatozoides ou ambos e da criação de condições propícias para a fecundação – a qual se concretiza de forma planejada.
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A reprodução assistida pode ser feita por pessoas que querem ter um filho, mas enfrentam problemas relacionados à fertilidade. Os casos mais comuns em que esta é a única alternativa são:
Essa é uma situação em que o casal não consegue engravidar após, pelo menos, 1 ano de tentativas. Ou seja, nenhum método contraceptivo foi utilizado durante as relações sexuais nesse período e, mesmo assim, nenhum óvulo foi fecundado.
Esse caso tem se tornado cada vez mais comum. Homens e mulheres que querem ser pais e mães um dia, mas que preferem se estabilizar profissional e financeiramente primeiro, recorrem ao congelamento de óvulos e espermatozoides.
Assim, quando sentirem que é a hora de engravidar, é feita a fecundação planejada. Dessa forma, não se corre o risco de infertilidade devido à idade.
Casais homoafetivos, compostos por dois homens ou duas mulheres, também podem recorrer às técnicas de reprodução assistida. Para que haja a fecundação, será necessário conseguir um doador de espermatozoide ou uma doadora de óvulo.
Aqui, a mulher tem interesse em ser mãe solo. Isto é, ela quer criar o filho sozinha, sem a necessidade de conhecer o pai da criança ou ter algum tipo de vínculo afetivo.
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As técnicas de reprodução humana assistida devem seguir o Código de Ética Médica, o qual estabelece diretrizes sobre como esses procedimentos devem ser realizados.
Dentre os pontos mais importantes sobre esse tema no documento, vale a pena destacarmos:
A reprodução assistida só poderá ser feita se ambas as partes envolvidas – o detentor do óvulo e o dono do espermatozoide – estiverem cientes do procedimento e em comum acordo sobre a realização do procedimento.
A única finalidade desta prática da medicina reprodutiva deve ser a geração de filhos para pessoas interessadas em ser pais ou mães. Os embriões não devem, de forma alguma, ser gerados para servir de objetos para experimentos científicos e sociais.
Outra regra que não poderá ser infrigida, em hipótese alguma, trata de qualquer tipo de intervenção no genoma humano durante algum procedimento de reprodução assistida.
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A eugenia consiste, basicamente, em selecionar características físicas específicas para a criança no momento da manipulação e fecundação dos zigotos, como: tom de pele, cor do cabelo, cor dos olhos etc. Essa é uma prática proibida na medicina assistida.
A primeira criança nascida de um método de reprodução assistida completou 44 anos em 1 de dezembro de 2022. De lá para cá, estima-se que mais de 8 milhões de vidas foram geradas por técnicas que vamos abordar mais à frente neste artigo.
Porém, apesar desse número expressivo, existem algumas vantagens e desvantagens da reprodução assistida que merecem ser ponderadas antes de tomar essa decisão.
Dentre as vantagens das técnicas de reprodução, destacam-se:
Como já é sabido, tanto a mulher quanto o homem tendem a ficar menos férteis a partir dos 40 anos. Com a reprodução assistida, a idade deixa de ser um problema.
A cariotipagem é um procedimento que visa identificar e impedir que o feto desenvolva doenças genéticas passadas pelo pai ou pela mãe.
Condições como obstrução das trompas podem impedir que, em uma relação sexual, o espermatozoide vá ao encontro ao óvulo e ocorra a fecundação. Na reprodução assistida, isso deixa de ser um problema, pois um óvulo já fecundado pode ser “depositado” no útero da mulher.
Já as desvantagens que circulam as técnicas de reprodução assistida são as seguintes:
Durante o processo de reprodução assistida – a depender do método adotado -, a mulher pode ser submetida a doses hormonais para estimular a produção de óvulos no ovário.
Por isso, é possível que ela desenvolva a síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO). Alguns sintomas dessa condição incluem inchaço e dor nos ovários, acumulação de fluidos na região do abdômen, náuseas e vômitos e perda de apetite.
A gravidez ectópica se dá quando o óvulo é fecundado ainda nas trompas da mulher, fazendo com que o embrião fique preso nessa região em vez do útero.
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Em algumas técnicas de reprodução assistida, usa-se mais de um óvulo de modo a aumentar as chances de gerar uma gravidez. Logo, pode acontecer de dois ou mais óvulos serem fecundados, ocasionando em uma gestação múltipla.
Para a mulher, homem ou casal, isso pode ser uma desvantagem, pois eles podem não estar preparados financeira e psicologicamente para criar mais de uma criança.
A reprodução assistida não é um procedimento barato. Aliás, ele pode sair mais caro que o esperado, pois há a possibilidade de a gestação não ser bem sucedida logo na primeira tentativa.
Se você tem interesse em realizar a reprodução assistida, saiba que, a princípio, será necessário desembolsar de 8 mil a 30 mil reais, conforme a técnica escolhida.
Explicado o conceito do que é a reprodução assistida, bem como suas vantagens e desvantagens, é hora de apresentarmos as 5 principais técnicas de reprodução humana assistida.
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Na relação sexual agendada, ou coito programado, o homem e a mulher têm hora marcada para que a fecundação do óvulo possa ser bem-sucedida do jeito “tradicional”.
Acontece que, nessa técnica de reprodução assistida, a mulher está recebendo há alguns dias determinadas doses hormonais para estimular a ovulação. Portanto, existe um momento durante esse processo em que a mulher ovula e, como tal, está mais fértil.
Essa janela de tempo não é muito longa. Sendo assim, a relação sexual precisa acontecer de forma programada, aumentando as chances de o espermatozoide do parceiro fecundar o óvulo da mulher.
Como já pontuamos aqui, essa estimulação hormonal, quando feita em excesso e sem o acompanhamento de um profissional especializado, pode levar a mulher a desenvolver a síndrome da hiperestimulação ovariana.
Uma pouco mais complexa do que a anterior, a técnica de inseminação intrauterina (IIU) é feita artificialmente a partir da manipulação do espermatozoide apenas.
A IIU é conduzida da seguinte forma: primeiramente, a mulher tem seu ovário estimulado com hormônios, assim como no método de coito programado.
Porém, em vez de ter a relação sexual na janela fértil, a mulher recebe em sua cavidade uterina uma “injeção” com espermatozoides previamente coletados.
Esses espermatozóides passaram por um processo em que foram selecionados os mais “fortes” e mais capazes de fecundar o óvulo de forma bem-sucedida.
A probabilidade de esse método dar certo e gerar um embrião é de, aproximadamente, 15%. Ou seja, é mais difícil obter sucesso logo na primeira tentativa.
Diferentemente da inseminação intrauterina que você acabou de conferir, na fertilização in vitro, tanto o espermatozóide como os óvulos são manipulados.
Novamente, a mulher recebe doses hormonais para estimular os ovários e aumentar a produção de óvulos que serão utilizados para a fertilização.
A coleta dos óvulos é feita quando os folículos estão devidamente desenvolvidos após a estimulação hormonal.
Nesse mesmo momento, é feita a coleta de espermatozoides que, posteriormente, passarão pelo processo de seleção dos mais aptos a fecundar os óvulos já coletados.
A fecundação é feita em laboratório. Cada óvulo é colocado junto com cerca de 40.000 espermatozoides.
Se a fecundação for bem-sucedida, o embrião formado será depositado no útero da mulher. A partir desse ponto, a gestação ocorre naturalmente.
Nesta técnica de reprodução assistida, as chances de sucesso variam entre 5% e 55% a cada tentativa.
A injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) é um método que se assemelha bastante à fertilização in vitro. As etapas de estimulação hormonal para produção de óvulos e a coleta e seleção de espermatozoides são as mesmas.
A diferença é que o espermatozoide é depositado diretamente no óvulo por meio de uma agulha ultra fina. Ele não é simplesmente colocado junto ao óvulo – como no caso da FIV -, mas sim dentro do óvulo.
Essa manipulação possui um nível de complexidade mais elevado e é mais recomendada nos casos em que os espermatozoides são mais “lentos” e possuem dificuldade para chegar até o óvulo por conta própria.
Por fim, encerrando nossa lista de principais técnicas de reprodução assistida, temos a doação de óvulos.
Mulheres que alcançaram a menopausa precocemente, que já se encontram com idade mais avançada ou que por qualquer outro motivo não conseguem produzir óvulos normalmente, precisam recorrer a óvulos de outras mulheres.
Essas doadoras podem ser desconhecidas ou não. A fecundação é feita in vitro ou pelo método ICSI.
Para receber o embrião, a futura mamãe deve fazer uso de alguns medicamentos que vão preparar o útero. Assim, ela poderá prosseguir com a gestação normalmente uma vez que o embrião se instalar no útero dela.
E então, o que você achou dessas 5 técnicas de reprodução assistida que trouxemos aqui? Você já conhecia ou tinha ouvido falar de alguma delas?
Como você pôde conferir, existem diferentes formas de engravidar e gerar uma nova vida combinando medicina e tecnologia.
Aliás, vale lembrar que existe também a possibilidade de adotar. Atualmente, existem mais de 3.500 crianças e adolescentes prontos para serem adotados em todo país. Você já cogitou essa possibilidade? Conta pra gente nos comentários.
Mas se você faz muita questão de ter um filho biológico, não deixe de procurar um médico especializado em medicina reprodutiva para te acompanhar durante todo esse processo.