Em 2020, a chegada do novo coronavírus gerou mudanças e consequências na vida real das pessoas do mundo todo que, até então, só existiam nos filmes de ficção científica. Hoje, as sequelas da COVID-19 na população são um lembrete do quão grave é a doença e que a prevenção continua sendo o mais importante.
O estudo ‘COVID-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade (Nota Técnica nº 44)’, feito pela Rede de Pesquisa Solidária, destaca que 58,5% dos brasileiros diagnosticados mantiveram sintomas por mais de três meses depois da fase aguda e 69% não se sentem recuperados da doença.
Neste artigo, explicaremos quais as principais sequelas tanto em quadros leves quanto em pacientes que tiveram casos graves da doença e a importância do acompanhamento médico para o controle dos efeitos da “COVID longa”, como é chamado o quadro.
Também explicaremos sobre a importância da vacinação para prevenir as inúmeras consequências já conhecidas em vários estudos realizados desde o início da pandemia.
Continue a leitura e tire suas dúvidas!
As principais sequelas da COVID-19 listadas pela pesquisa da Rede de Pesquisa Solidária na Nota Técnica nº 44 são: problemas cardiorrespiratórios (dores no peito, falta de ar e tosse), musculares (dores no corpo e nas articulações) e neurológicos (alterações na memória e na atenção).
Um detalhe importante sobre os efeitos prolongados da doença é que eles acontecem independentemente da gravidade do quadro de infecção. Ou seja, casos leves, moderados e graves têm o potencial de afetar a saúde em longo prazo e de variadas maneiras.
A propósito, a comunidade científica do mundo inteiro está ativa produzindo estudos para detectar sequelas e a lista é frequentemente atualizada.
O termo COVID longa é usado para classificar os pacientes que apresentam sinais permanentes ou que aparecem até três meses depois da primeira infecção. Os sintomas mais frequentes são: fadiga, cansaço, falta de ar, disfunções cognitivas e/ou psiquiátricas.
Estudos da OMS indicam que mulheres de meia-idade (45 a 59 anos) e pessoas que tiveram um número maior de sintomas na fase aguda da infecção apresentam a síndrome com mais frequência.
Esses sinais afetam a qualidade de vida, a autonomia na rotina, a produtividade no trabalho e o desempenho nos estudos. Um detalhe para ficar atento é que os sintomas persistem durante dois meses e, após investigação, não são encontrados outros motivos para justificá-los.
As causas da COVID longa ainda não foram identificadas. Entre as hipóteses levantadas está o fato da inflamação desencadeada pelo vírus acionar os mecanismos de defesa que geram os sintomas e as sequelas já identificadas.
A inflamação é uma reação de defesa do organismo, porém, os efeitos são incômodos e quando o mecanismo se torna crônico, gera um problema contínuo.
O tratamento é adaptado para aliviar os sintomas das sequelas causadas em cada paciente. A abordagem, portanto, é multidisciplinar, envolvendo diferentes especialistas, que trabalham em conjunto para reabilitar a saúde do paciente.
As sequelas da COVID leve também existem, como falta de ar, cansaço, falha de memória e dores musculares. Os sintomas não são tão limitantes quanto nos casos graves, mas ainda assim dificultam a rotina.
Na prática, o paciente tem mais dificuldade para fazer trabalhos braçais, como levantar peso, dificuldade em atividades que exigem mais das funções cardiorrespiratórias, como caminhadas e corridas leves e, ainda, episódios durante as conversas em que o assunto “foge” da memória e, em poucos segundos, volta.
O recomendado nesses casos é manter o acompanhamento médico para conseguir executar essas tarefas e melhorar o desempenho do organismo.
Os médicos incentivam que os pacientes com COVID longa mantenham atividades físicas regulares, mesmo com período de duração menor, para não ficar sedentários. Ter mais paciência consigo diante das limitações e respirar com calma também são cuidados importantes.
Uma pesquisa brasileira identificou que o novo coronavírus interfere nas funções dos astrócitos, que são células nervosas responsáveis pelo suporte e nutrição dos neurônios. Quando o vírus interage com essas estruturas, gera modificações no metabolismo que eliminam neurônios vizinhos, afetando o desempenho da memória.
Outro efeito dessa interação é o aumento de chances de desenvolver depressão e ansiedade nos pacientes com COVID longa. Esses quadros também precisam ser tratados com o máximo de atenção.
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As sequelas graves da COVID são as mais preocupantes, pois impactam o físico, o psicológico e a cognição. Entre os pacientes que desenvolveram quadros moderados ou graves da doença, 85% têm alguma sequela que reduz sua produtividade ou qualidade de vida, segundo estudo do Hospital das Clínicas (HCFM-USP).
A tendência de sintomas prolongados é maior entre os não-vacinados (72%) do que entre os vacinados com uma dose ou mais (59%). Esse é um dado preocupante já que 28,3 milhões de brasileiros não estão imunizados contra a COVID-19.
Entre as sequelas graves da COVID destacam-se:
Os pacientes com condições de saúde já diagnosticadas, como diabetes, tiveram mais dificuldade no controle das doenças pós-COVID, com agravamento dos sintomas. Ainda não foram encontradas explicações dos motivos pelos quais isso acontece.
O desenvolvimento de ansiedade e depressão também foi registrado como sequela pós-traumática da COVID-19. Nos casos em que a doença é agressiva, os pacientes passam por um grande estresse físico e emocional.
Sintomas como preocupação excessiva, sudorese, inquietação, taquicardia e palpitações são frequentes. Um estudo da USP constatou que 8% dos pacientes entrevistados tiveram depressão e, em 2,5% desse grupo, a doença se deu após a internação.
A fibrose pulmonar é caracterizada pela presença de lesões e cicatrizes no pulmão após um dano que torna o tecido dos sacos aéreos mais espessos, dificultando a passagem de oxigênio para o sangue. A doença causa falta de ar, tosse seca, cansaço e dor muscular.
Nos casos graves de infecção pelo novo coronavírus, as células pulmonares não conseguem se recuperar adequadamente. Os pacientes que apresentam sequelas respiratórias severas passam por uma tomografia computadorizada para verificar se existem lesões persistentes.
Como é uma condição crônica, o tratamento é contínuo e inclui medicamentos corticoides, antifibróticos e imunossupressores.
Outra sequela da COVID-19 grave é a fibrose nos rins. A característica principal também é a formação de cicatrizes (fibrose) no órgão que é desencadeada pela ação das células inflamatórias na tentativa de combater a infecção do vírus.
A doença pode causar insuficiência renal aguda (perda da capacidade do órgão de executar suas funções) e levar o paciente a fazer diálise (processo artificial para remoção dos resíduos e excesso de líquidos no corpo).
Um dos sintomas característicos da infecção pelo novo coronavírus é a perda de olfato e paladar. No início da pandemia, essas alterações eram muito apontadas e os pacientes começaram a relatar que os sentidos nem sempre voltavam rapidamente após o fim do contágio.
Esse fator continuou a ser relatado e foi incluído como sequela da COVID-19. Uma pesquisa da USP registrou uma ocorrência maior de perda moderada ou severa no paladar em 20% dos casos, seguida de 18% de perda severa ou moderada do olfato.
Os médicos verificaram que o vírus da COVID causa uma inflamação na mucosa olfatória, o que diminui a produção de muco e pode causar atrofia no tecido que perde sua função de captar os odores.
Esse estudo ganhou evidência, ao associar as sequelas sensoriais com as perdas cognitivas e de memória em pacientes após a infecção. Nos testes, tanto pessoas com perda de paladar quanto as com perda de paladar e olfato, tiveram um desempenho pior nas avaliações que testaram a memória de curto prazo.
Rodolfo Damiano, um dos autores do artigo, avalia que esse resultado “corrobora a hipótese de que a COVID-19 tem, de fato, um impacto na cognição e seus prejuízos não são apenas decorrentes de questões psicossociais ou ambientais”.
O acompanhamento médico pós-COVID é vital para controlar os sintomas causados pelas sequelas da doença e recuperar a saúde física e mental.
Uma característica em comum do tratamento é que ele envolve várias especialidades médicas (multidisciplinares) para tratar o paciente de acordo com as necessidades que ele apresenta.
Algumas das áreas envolvidas que acompanham pessoas em recuperação são: fisioterapia, neurologia, fonoaudiologia, psicologia, psiquiatria, pneumologia e cardiologia, entre outras.
Seguir um protocolo é fundamental para não desenvolver quadros crônicos que debilitam totalmente. Porém, este é um desafio enfrentado por quem precisa de assistência médica após a internação, em especial na saúde pública.
Aliás, não são apenas pacientes graves que devem seguir um acompanhamento médico por causa da COVID longa. O tratamento também é recomendado para pacientes com sequelas leves, pois por menores que sejam as reações, elas são evidências de que algo não está certo.
Assim, o paciente recebe orientações de como proceder, usa medicações (se necessário) da forma correta e, ainda, relata as evoluções e os desafios.
Diante das inúmeras possibilidades de sequelas nos casos de COVID longa, a vacinação é um cuidado fundamental para evitar esse quadro. Porém, as estatísticas do Ministério da Saúde para a CNN dão um alerta:
Ter o esquema vacinal completo é o que garante a proteção total ao vírus e suas variantes. As pessoas não imunizadas ou imunizadas parcialmente têm maiores chances de infecção, de desenvolver a forma grave da doença e, ainda, de transmitir o vírus a outras pessoas.
Uma pesquisa com alvo nos profissionais de saúde mostrou que a vacinação e as doses de reforço minimizam os efeitos do vírus, reduzem a possibilidade de ter infecção aguda grave e, consequentemente, de desenvolver a COVID longa.
Além da vacinação, outra forma de passar longe das sequelas da COVID-19 é evitar a contaminação. Vivemos momentos de flexibilização total e não há mais a obrigatoriedade de utilizar máscara. Mas lembre-se que os principais cuidados básicos para evitar a contaminação continuam válidos:
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Para completar este guia, respondemos algumas dúvidas frequentes sobre as possibilidades de recuperação de sequelas da COVID e outros assuntos. Confira!
Uma pessoa fica com sequelas da COVID por mais de um ano. O dado é de uma pesquisa da Fiocruz de Minas Gerais, em que 50% das pessoas avaliadas tiveram efeitos constatados da infecção pelo coronavírus por 14 meses após o diagnóstico.
Entre os sintomas registrados, estão: fadiga, tosse, dificuldade para respirar, perda de olfato e paladar e dor de cabeça persistente.
As sequelas neurológicas da COVID são estresse pós-traumático e desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão. Esses sintomas afetam a cognição, ou seja, a capacidade de assimilar e reter conhecimento, além de ter efeitos na saúde mental e no bem-estar psíquico e emocional.
Essas doenças podem acometer tanto quem teve casos graves quanto os leves da doença e precisam de acompanhamento médico.
Os principais fatores de risco associados às formas graves da COVID-19 são: idade avançada, diagnóstico de hipertensão arterial crônica, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças cardíacas, doença renal crônica, câncer, tabagismo e alcoolismo. Esses marcadores também aumentam as chances do paciente desenvolver sequelas da COVID longa.
O motivo para algumas pessoas desenvolverem a forma grave da COVID está relacionada ao fato de não conseguir elevar os níveis de angiotensina II, que barra a entrada de vírus nas células, impedindo que a carga viral aumente no organismo. Sem uma resposta inicial rápida do sistema imune, os sintomas ficam mais graves conforme a infecção avança.
O mecanismo foi comprovado em um estudo realizado pela PUC do Rio Grande do Sul, publicado no periódico Frontiers of Immunology.
Seguindo as medidas de prevenção, é possível evitar o contágio e os casos graves com sequelas da COVID-19. Além disso, cuidar da saúde, fazendo check ups constantes e mantendo contato com o médico, é essencial para quem já tem algum sintoma.
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