Muito se tem falado sobre como a maternidade vem sendo romantizada e em como as mães têm se sentido esgotadas, principalmente após o parto e/ou nos primeiros anos de vida do filho. O trabalho de ser mãe não tem folga e nem fim de expediente, por isso, a exaustão muitas vezes parece não ter fim, resultando em uma mente adoecida e fragilizada. Porém, quando esse esgotamento passa dos limites ele pode acabar virando uma doença, também conhecido como Burnout Materno.
A síndrome de Burnout é um distúrbio emocional causado pelo excesso de exaustão e situações de estresse. Em geral é muito ligado a altas cargas emocionais causadas por trabalhos intensos, atingindo principalmente profissionais de saúde, de segurança e também profissionais corporativos. O Burnout foi muito falado no âmbito de trabalho pois esteve muito atrelado a trabalhadores que lidam com pressão e com muitas responsabilidades.
Porém, o Burnout não vem mais sendo relacionado somente ao ambiente de trabalho, mas sim a todo ambiente e situações que colocam as pessoas em seus limites. O termo Burnout vem do inglês, que significa “queimar para fora”, como se os sentimentos negativos consumissem os indivíduos de dentro para fora e se os acontecimentos externos consumissem até que o limite chegasse e as pessoas já não conseguissem mais lidar com as emoções. Isso é o Burnout, uma síndrome incapacitante que pode resultar em condições graves, até mesmo a depressão profunda e às idealizações ao suicídio.
Ser mãe não é uma tarefa fácil e toda a carga emocional e física, principalmente após o nascimento do bebê, é intensa e por vezes muito pesada. Quando essa exaustão e estresse viram crônicos e não controlados, eles viram Burnout Materno, conhecido como exaustão materna ou em inglês, Mommy Burnout.
O desenvolvimento do Burnout Materno, por ser atrelado ao ambiente e as exigências das quais uma nova condição que parece ser mais do que se pode suportar, causa cansaço e estresse de mulheres que não somente acabaram de ser mães, mas sim que além de sentirem sobrecarregadas com a maternidade sentem o impacto das tarefas do dia-dia, na vida familiar, social e na vida profissional.
Toda mulher passa por um processo de transformação e reconhecimento após o nascimento de um filho. São muitas mudanças hormonais, físicas e psicológicas e todo esse processo desperta reflexões internas, onde elas procuram entender quem elas são agora que são mães e se continuam as mesmas. Essas questões, aliadas com o estresse diário e a adaptação à nova rotina aumentam os riscos de distúrbios psicológicos e o Burnout é um deles.
Ao se deparar com essa nova realidade, as mulheres não se sentem seguras em externalizar essas questões pois têm medo do julgamento. Isso faz com que os sentimentos se acumulem e a angústia cresça, até que pareça ter consumido essa mulher e ela se sinta fora do controle, além de sentirem que suas vidas se anularam.
A principal característica do Burnout Materno é o estresse prolongado, mas ele não se resume somente a isso, podendo ocasionar também:
Além destes sintomas, as mulheres podem desenvolver também outras patologias relacionadas, como depressão ou síndrome pós parto. É muito importante não somente que a mulher preste atenção em si mas também as pessoas que convivem com ela estejam sempre atentas a sinais de alerta.
O primeiro passo, ao perceber que algo não vai bem, é procurar um profissional que seja especialista em saúde mental. Através de um histórico detalhado o profissional poderá indicar o tratamento adequado, podendo ele ser com a ajuda de psicoterapia, medicação ou ambos. Além disso, poderá estabelecer uma rede de apoio, o que é essencial para mães que passam por esse tipo de situação.
Além da ajuda profissional, estabelecer uma rotina de autocuidado é essencial, principalmente ao se lembrar que ser mãe não a tornará menos mulher. Participar de grupos de apoio e trocar experiências com outras mulheres que estão passando ou passaram pela mesma situação pode ajudar a ter outras visões sobre como enfrentar esses sentimentos.
Estabelecer uma rotina com uma alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, continuar praticando seus hobbies e mantendo uma vida social é importante para o bem-estar de todos nós, auxiliando no bem da nossa saúde mental.
Não hesite em pedir ajuda, converse com seus familiares, amigos e estabeleça uma rede de apoio onde possa se sentir acolhida e externalizar todos os seus sentimentos, sem medo de ser julgada. Vale lembrar que o acompanhamento de um profissional é imprescindível para o tratamento de maneira individualizada.
Artigo redigido pela enfermeira Maria Carolyna Henriques.