A meningite bacteriana é uma doença endêmica no Brasil. Basicamente, isso significa que todos os anos são esperados novos casos da doença, com surtos e epidemias eventuais.
Entre 2007 e 2020, foram confirmados 87.993 casos. O ano de 2020 foi o que menos teve registros da doença nas últimas duas décadas: 357 casos.
Outono e inverno são as épocas do ano em que as ocorrências de meningite bacteriana são mais comuns. Além disso, os homens são os mais infectados pela doença.
Neste artigo, você vai entender melhor o que é meningite bacteriana, quais são as formas de contaminação, os principais sintomas e o que são as meninges:
Além disso, vamos explicar também qual a diferença entre a meningite viral e a meningite bacteriana, como é feito o tratamento para meningite bacteriana e quais são as opções de vacina da meningite.
Antes de explicarmos o que é meningite bacteriana, tratamento, sintomas e formas de contágio, vale a pena relembrarmos o que são as meninges.
Meninge é o nome utilizado para se referir às três membranas que protegem o nosso sistema nervoso central – encéfalo e medula espinhal.
Dura-máter, aracnoide e pia-máter são compostas por tecido conjuntivo e se posicionam, de fora para dentro, nessa mesma ordem.
A dura-máter é a membrana mais externa e também a de maior espessura. Ela está ligada à membrana que reveste os ossos do nosso crânio, conhecida como periósteo.
Essa membrana fica localizada entre a dura-máter e a pia-máter. A superfície voltada à dura-máter se apresenta em formato de membrana.
Já o lado interno, voltado para a pia-máter, constitui-se estruturas que formam uma cavidade, conhecida como espaço subaracnóideo. É nesse espaço que se encontra o líquido cerebrospinal.
Esse líquido é responsável por controlar a pressão interna do sistema nervoso e oferecer uma proteção extra contra choques mecânicos.
A membrana pia-máter é a que se encontra mais próxima do tecido nervoso. No entanto, ela não chega a estar em contato direto com ele.
Isso porque entre a pia-máter e o tecido nervoso existe uma camada de prolongamentos de astrócitos – que são células em formato de estrela responsáveis por dar sustentação aos neurônios.
Agora sim, depois de apresentarmos o que são as meninges, podemos explicar o que é meningite bacteriana.
Na comunidade científica, o sufixo “ite” é utilizado para se referir a algum tipo de inflamação. No caso da meningite, trata-se da inflamação das meninges.
No caso da meningite bacteriana (existem ainda a meningite viral e a meningite fúngica), estamos falando de uma inflamação das membranas que protegem o sistema nervoso central causada por uma bactéria.
A bactéria mais comum causadora da meningite é a Neisseria meningitidis, também conhecida por meningococo. Outras bactérias também podem causar meningite, como a Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenzae tipo B.
Ao afetar as meninges, a bactéria causadora da meningite impede que o oxigênio seja levado às células do nosso organismo adequadamente. Essa disfunção pode causar sintomas graves e até mesmo levar o paciente ao óbito.
Selecionamos este vídeo com a Dra. Priscila Pires para você ter acesso a mais informações sobre a meningite bacteriana:
Os sintomas da meningite bacteriana envolvem forte dor de cabeça, rigidez na região da nuca e pescoço, febre, náusea, vômito, confusão mental e sensibilidade à luz.
Em pouco tempo, os sintomas da meningite podem evoluir para perda de alguns sentidos, desenvolvimento de gangrena nas extremidades do corpo (mãos, pés, braços e pernas), episódios de convulsão, delírios, tremores pelo corpo e até coma.
Especialmente em pessoas com sistema imunológico mais frágil, como crianças e idosos, os sintomas da meningite bacteriana podem se agravar muito rapidamente.
Em bebês e recém-nascidos, a meningite bacteriana pode se manifestar como letargia, pouca ou nenhuma responsividade a estímulos, vômito, irritabilidade, falta de apetite, reflexos anormais e fontanela protuberante.
Por se tratar de uma doença já bastante conhecida pela comunidade médica e científica, muitas vezes ela é diagnosticada pelos sintomas apresentados pelos pacientes, o que permite acelerar o início do tratamento da meningite bacteriana.
No entanto, para um diagnóstico mais preciso, é realizado um procedimento conhecido como punção lombar. Ele consiste em extrair do canal vertebral uma amostra do líquido cerebrospinal (líquor) e submetê-la a exame laboratorial para identificar a presença da bactéria causadora da inflamação nas meninges.
Outros exames também podem ser solicitados para fazer o diagnóstico da meningite bacteriana e entender o quadro clínico atual do paciente, como raio-x, tomografia e exames de sangue e urina.
Para quem quer saber mais sobre como fazer o diagnóstico de meningite, vale assistir a este com o DFr. Ralcyon Teixeira, Supervisor do Instituto Emílio Ribas:
O meningococo, que é a principal bactéria causadora da inflamação das meninges, é transmitida por meio de secreções das vias respiratórias, pela saliva e pelo contato muito próximo com outra pessoa infectada.
A transmissão da meningite bacteriana não é algo muito fácil de acontecer. Porém, quando ocorre, pode acometer pessoas de diferentes idades, principalmente as crianças com menos de dois anos de idade e os idosos.
Outras bactérias causadoras da meningite bacteriana, como a Listeria monocytogenes e a Escherichia coli, podem ser adquiridas por meio de alimentos mal higienizados.
Quer mais detalhes sobre a transmissão da meningite? O Dr. Saulo Nardy Nader explica para você:
Como bem vimos no tópico anterior, a meningite bacteriana é contagiosa sim. No entanto, o contágio não é algo que acontece com muita facilidade.
É muito difícil que contatos breves e casuais façam com que uma pessoa contamine a outra. O risco de contaminação é maior quando esse contato ocorre em lugares fechados e com grande aglomeração de pessoas.
Alguns cuidados podem ser implementados para evitar o contágio da meningite bacteriana. O principal deles é a higienização das mãos e dos alimentos.
Além disso, recomenda-se não compartilhar artigos de uso pessoal e manter os ambientes da casa sempre limpos e com uma boa circulação de ar.
Há também a vacina da meningite, mas sobre isso falaremos mais à frente.
Vale lembrar que existem casos em que pessoas contaminadas com a bactéria causadora da meningite podem estar assintomáticas e assim transmitirem essa bactéria para outras pessoas.
Infelizmente, pessoas infectadas pela bactéria causadora da inflamação das meninges podem sim vir a óbito caso o diagnóstico e o tratamento não sejam feitos de maneira precoce.
Para ser mais exato, de 5% a 10% dos pacientes não sobrevivem à meningite bacteriana mesmo quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento adequado é iniciado o quanto antes.
Depois que os primeiros sintomas se manifestam, o óbito é registrado entre 24 e 48 horas.
Sem receber o devido tratamento para meningite bacteriana a tempo, o resultado pode ser fatal em 50% dos casos.
A diferença mais óbvia entre a meningite viral e a meningite bacteriana é que a primeira tem como agente causador um vírus, enquanto a segunda, como já bem vimos até aqui, é causada por bactérias.
Esses dois tipos de meningite se diferem também não apenas pelo agente causador, mas também nas formas e riscos de contaminação e nos quadros clínicos dos pacientes contaminados.
A meningite viral é a forma mais comum dessa doença, justamente pelo fato de o vírus ser mais transmissível do que a bactéria.
No entanto, apesar de não haver um tratamento específico para a meningite viral, os pacientes conseguem se recuperar sozinhos com mais facilidade tratando apenas os sintomas – os quais costumam ser menos graves que a inflamação das meninges por bactéria.
Os casos mais comuns de meningite viral ocorrem em crianças com menos de 5 anos de idade. A transmissão se dá, em sua maioria, por meio de saliva e fezes.
A época do ano em que se observa um aumento dos casos é no final do verão e início do outono. Os principais vírus causadores da meningite viral são:
Diferentemente da meningite viral, a bacteriana é considerada pela comunidade médica e científica como o tipo mais grave da doença.
Os sintomas tendem a ser mais agressivos e a taxa de mortalidade também é mais elevada.
As principais bactérias que podem causar a meningite bacteriana são:
Como bem vimos anteriormente, não existe um tratamento que ataque diretamente o vírus causador da meningite viral. O que geralmente os médicos fazem é tratar os sintomas e deixar que o organismo do paciente se cure sozinho da doença.
Por outro lado, existe sim um tratamento para meningite bacteriana. Assim como na maioria das infecções por bactéria, o combate ao agente causador é feito a partir da administração de antibióticos.
Como a meningite bacteriana é uma doença de progressão acelerada, o paciente deve ser encaminhado o quanto antes para um hospital para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
Lembra quando mencionamos por aqui que, além da higienização das mãos e dos alimentos, de manter a casa arejada e de evitar aglomerações e contato direto com pessoas contaminadas, a vacina também é uma forma de se prevenir da meningite?
Pois bem. Felizmente já existe vacina da meningite bacteriana – na verdade, desde a década de 1970 que a vacina meningocócica se encontra disponível para a população.
Existem 5 tipos de meningococo: A, B, C, W e Y. Em uma única vacina, é possível se proteger contra os tipos ACWY. Recomenda-se que as doses sejam administradas logo nos primeiros meses de vida – uma aos 3 meses, outra aos 5 meses e a última aos 7 meses de vida.
Há também as doses de reforço, que são indicadas entre os 4 e 5 anos de vida e depois quando a criança completa 11 anos de idade.
Já a vacina que protege contra o tipo B de meningococo deve ser administrada em 4 doses: aos 3, 5, 7 e 12 meses de vida.
A Vacinação contra a meningite para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos está disponível gratuitamente em todo Brasil, juntamente com a vacina contra HPV.
Leia também: Vacina do HPV: tudo o que você precisa saber
O tratamento da meningite, assim como de outras doenças, envolverá o atendimento médico e prescrição de tratamentos e medicamentos. Para facilitar esse processo, a Memed criou uma plataforma de prescrição digital. Por meio dela, você recebe suas receitas em seu celular, via SMS ou WhatsApp.
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